Caminho das Pedras

Em “Cornerstone”, novo compacto do Arctic Monkeys, Alex Tuner escreve talvez o verso mais doloroso do ano: “please can I call you her name?”.

O sujeito procura a moça em todos os lugares que vai. Mas ela não está mais lá. Ela não está em nenhum lugar. Pois ela jamais esteve em lugar algum. Na volta para casa, ele pede para o taxista fazer o caminho mais longo, para tentar encontrá-la. Pois quando amamos sem sermos amados, invariavelmente fazemos o caminho mais longo. Como o sujeito diz,  guardamos os atalhos conosco (“and kept my short cuts to myself”). Queremos sempre o modo mais complicado. Ele implora, desesperado: “please can I call you her name?”. Afinal, é sempre isso o que fazemos no fim das contas.  Mas elas sempre respondem:  não, “you can’t call me her name”. Então, teme não se lembrar mais do rosto dela. E se pergunta: “I’m beginning to think I imagined you all along”.

Mas no final, a salvação, nas palavras da irmã (?) da moça: “I’m really not supposed to but yes, you can call me anything you want”.

“Cornerstone”  é uma bela canção sobre  quando continuamos a amar quando já não há mais esperança. Essa que é a pior dor de todas.

É a melhor música de toda a carreira do Arctic Monkeys, e mostra que esse Alex Turner sabe uma coisa ou outra sobre tomar foras.

Uma resposta para “Caminho das Pedras

  1. ouvi essa música depois que você recomendou. não gostei do arranjo, mas a letra é foda, e esse momento da menina falando que ele pode chamá-la do que quiser é antológico.

    mas sabe o que é pior? a parte do “she was close, close enough to be your ghost”. porque uns posts atrás, o Lúcio falou de uma festa onde ela estaria, e agora há pouco eu abri o Youtube e apareceu uma foto dela e escrito em cima “algumas pessoas que talvez você conheça têm conta no Youtube. inscreva-se e veja os vídeos delas!”.

    ela já se foi tem três anos. mas continua perto o suficiente pra ser um fantasma.

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